Uma visita mais que especial (parte 2)
Por: Vittória Cataldo
Como todos vocês já conhecem a Ruth, sabem como ela fala bastante e gosta de conversar. E sabem também que eu fui à Residencial Bem Viver em busca de uma entrevista e saí de lá com seis. Cada mês será uma entrevistada diferente que vocês vão adorar conhecer como eu adorei.
Lembro-me de um momento que me aconteceu logo quando cheguei lá. Eu entrei em uma sala onde estava tendo uma “reunião” e todas as senhoras estavam reunidas em uma ampla sala. Me lembro também de entrar um pouco tímida e dar um “oi” geral e entusiasmado para todo mundo ali presente.
Eu mal tinha dado três passos para dentro do recinto uma senhora sentada ao lado da porta segurou a minha mão com força obtendo toda a minha atenção.
— Eu preciso…eu preciso… — Eu a escutei falar balbuciando e bem baixinho. Me aproximei dela segurando a mão dela de volta.
— Sim?
— Eu preciso fazer xixi. Você poderia me levar para fazer xixi? — Nessa hora uma explosão de diferentes sensações tomou conta de mim. Em um primeiro momento eu quis realmente levá-la ao banheiro. Virei o rosto e dei de cara com a enfermeira que tinha nos recebido.
— Ela quer ir ao banheiro. — Eu disse com um meio sorriso.
— Sério? — Indagou a enfermeira. E depois caiu em uma risada contagiosa. Congelei. Só podem estar brincando comigo. Uma pegadinha.
— A senhora quer fazer xixi? — A enfermeira assumiu a minha posição. — Você acabou de ir ao banheiro. Pode fazer o seu xixi tranquila tá bom? — Ela falava muito gentilmente e carinhosamente. Sem perceber que já estava sorrindo. — Pode fazer sem se preocupar, você está de fralda e logo vamos trocar pra senhora. — A senhora pareceu relaxar e sorriu um pouquinho.
Nesse momento, sem precisar fazer sequer uma pergunta tanto para as moradoras de lá como para enfermeiras, eu entendi como as coisas funcionavam na Residencial bem Viver. Carinho, atenção, paciência e dedicação. Tudo isso foi possível sentir naquele pequeno momento logo quando cheguei.
Depois de conhecer e conversar com a nossa queria Ruth, conhecia a simpática Estefânia Severina Pereira, de 78 anos e que está na Residencial Bem Viver há cinco meses. E pelo pouco tempo que teve, ela á preza pelas amizades que fez e pelas atividades recreativas que o lar oferece.
Estefânia me conta que quando ela chegou a primeira coisa que sentiu foi um impacto estranho. E ela chegou como eu havia chego naquele dia: com todo mundo reunido na grande sala da entrada.
— Mas depois a gente cria amizade…é só diversão. Eu gosto daqui. A gente sempre tem o que conversar, a gente conversa, brinca, fala bobagem. — Ela festeja.
Quando questionada por minha pessoa de como é a rotina dela lá, ela prontamente responde das atividades que faz durante o dia.
— Ah tem psicóloga, tem música, fisioterapia, tem cachorro, aquela cachorro lá do Hospital das Clínicas, grandão, peludão, é um que vem aí e parece um espanador. Aí ele vem e coloca a patinha para mim aí ele fica lá olhando pra mim. Acho tão engraçado. — Ela finaliza feliz com a lembrança do amiguinho de quatro patas.
Como vocês podem ver, ela é mais reservada que a Ruth, mas mesmo assim, aposto que foi um prazer conhecê-la.
Quem será que é a próxima?
12/07/2019